Escrever?

Por: Joaquim Santos ↑ Topo

– Sim, por que não? – Mas, não sei! Não sei escrever! – Sabe dizer?; – Dizer o que quer, ou que não quer?;– Isso eu sei! Mas…, é diferente de escrever! Por que não pode ser igual, com as mesmas palavras? Bem, devo confessar, o meu português é muito ruim, tenho vergonha, podem existir muitos erros, vão me gozar! Vou ficar envergonhado!

Se você está escrevendo no computador, o editor de texto vai corrigindo, se você está escrevendo em caderno ou numa folha de papel, eles vão aparecer, já que é cada vez mais raro consultarem dicionários. Mas, cá para nós, o que você tem a dizer é muito mais importante, ou seja, o conteúdo, a originalidade ao contar, as palavras escolhidas por você, seu jeito pessoal em dizer, em suma, sua maneira, o esboço da sua personalidade. É quanto basta. Depois, quanta coisa você tem a contar! Simples assim, do que gosta, do que não gosta, do que fez e tem orgulho, do que não fez e se arrepende, do que viu e ficou impressionado. Do que deseja inventar, das fantasias que sua imaginação está ansiosa para materializar numa folha de papel. Lista sem fim, resguardada a privacidade, aqueles detalhes que merecem permanecer afastados da divulgação, podem comprometer sua segurança, seus segredinhos, a bem da verdade todo mundo os têm e mantêm trancados “com sete chaves”.

Uma das grandes conquistas, hoje em dia, é o respeito pela diversidade, admitem os que se consideram diferentes, bem-vindos a dar contribuição, visão particular sobre determinado assunto e comportamento, independente de gênero, credo, cor, idade etc. Então, o que é preciso afinal de contas? Apenas CORAGEM. É o que a juventude tem de sobra, haja vista sua participação maciça, nas chamadas redes sociais, dando opiniões, assumindo posições, aparecendo “de corpo e alma”. Não é verdade?

Aqui, meu desafio é para público mais idoso, maduro, talvez aposentado ou desacelerando suas atividades profissionais. Não precisam ser tão idosos quanto eu, nos próximos meses completando oitenta e seis anos. Para nós, idosos, coragem não falta, afinal conseguimos ultrapassar tantos obstáculos, escolher alternativas, driblar conflitos que pareciam prestes conduzir à derrota. Vencemos, por que então derrotados pela timidez da escrita? Vamos escrever!

Pessoalmente, sempre aprendo muito ou no mínimo alguma coisa, quando leio depoimento de vivências, passagens típicas de quem as viveu em determinada circunstância, que não tive oportunidade de experimentar ou de conhecer. Essa aproximação das pessoas pela escrita é formidável, dá acesso a sentimentos que a superficialidade de uma comunicação telegráfica, com centena e meia de caracteres esconde.

A solidão desaparece quando está empenhado em se fazer entender, tem empatia na comunicação. Não vale alegar falta de tempo, por exemplo, imobilizados à frente das telas, novelas em sequência, sequestrando horas irrecuperáveis todos os dias. É bom lembrar: tempo perdido não volta. Ok, se isso lhe dá tanto prazer, mantenha-os, as migalhas que nos fazem felizes não devem ser desprezadas, nosso objetivo nessa passagem temporária e rápida é juntar o máximo de momentos felizes. Mas você terá oportunidade de ir além, ter prazer em dizer escrevendo, irá proporcioná-lo aos seus leitores, será menos egoísta.

Então, mãos à obra! Vamos escrever!

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